domingo, 26 de julho de 2009

As caricaturas da Queima das Fitas...

As caricaturas da Queima das Fitas, principalmente associadas a Coimbra mas cada vez mais espalhadas por todo o país, são uma das características mais genuínas da academia portuguesa, pois trata-se de uma prática que só existe em Portugal.

Dois cromos para "aferir qualidade"...
Frequentemente pedem-me que mande por e-mail uma caricatura e uma foto do caricaturado, para comprovação da fidelidade ao nível das semelhanças.
Claro que não envio, por duas razões:
Por uma questão de ordem ética, não devo usar fotos de pessoas que são alheias ao assunto. A lei portuguesa consagra o direito à reserva de imagem. Mas não abrange a Caricatura, por se tratar de uma interpretação artística.


Outra razão é a de que uma caricatura não é comparável com uma fotografia.
Caricaturar não é retratar uma fisionomia, é sim retratar uma personalidade, um carácter. Uma caricatura é uma súmula que resume toda uma impressão que o caricaturista colheu de determinada pessoa. É o resultado de uma observação de muitos anos ou de apenas cinco minutos, mas sempre uma impressão colhida de um carácter; enquanto que uma foto não é mais do que uma fracção de segundo que pouco deixa transparecer da alma da pessoa que representa.
No desenho acima, creio que não há dúvidas acerca da identificação dos dois indígenas de Lisboa que desenhei. Mas, se estão parecidos com os dois cromos que representam, não estão parecidos com nenhuma foto dos ditos cujos cromos.
A capa da plaquette deve ter qualidadeQuando um grupo de estudantes se propõe escolher quem lhe prepare o conteúdo da plaquete, não basta garantir a qualidade das caricaturas, também é muito importante a qualidade artística da capa. Tratando-se de uma recordação para o resto da vida, deve ser dignificada logo a partir da primeira página!
Quando elaborei o desenho acima, dediquei-lhe o mesmo empenho que coloquei em cada caricatura do interior.

Os estudantes forneceram-me este croquis que, não sendo nenhuma obra de arte, foi extremamente útil para compreender sem equívocos a ideia que tinham concebido.
(repare-se na humildade com que escreveram a nota "Capa (ou não...)"; conscientes de que estavam a pedir algo difícil de concretizar, assumiam que eu optasse por uma outra ideia qualquer, de elaboração mais fácil. Mas essa humildade granjeou da minha parte o máximo empenho na elaboração do desenho.
Diálogo na base da humildade proporciona muito melhores resultados do que na base da arrogância!...



sexta-feira, 17 de julho de 2009

Mais cedo é melhor e mais barato
Meu e-mail. Mas não é link! Tem de teclar. Meu telemóvel: 966 3033 79 (Zé Oliveira)

Curiosamente, já estou a receber encomendas de caricaturas para a Queima/2010. O que é óptimo para todos: para os caricaturistas, que trabalham com um pouco menos de pressão quando chegar a "hora de ponta". E para os estudantes, quem ficam com uma caricatura mais esmerada (queiramos ou não, a pressa é "má conselheira") e mais barata (de janeiro em diante, os preços aumentam).

Será provavelmente inédito que a academia (estou a falar da de Coimbra, aquela para a qual mais trabalho, embora vá a qualquer parte do país) - dizia que será provavelmente inédito que a academia trate de se preocupar com a caricatura para a plaquete da queima ainda antes de partir para férias!
A vida é a cores É certo que a cor de excelência para a academia é o preto.
Mas a evolução tecnológica permite hoje que se imprima uma plaquete (plaquette) em quadricromia com poucos mais custos de tipografia. Portanto, e porque a vida é a cores, mais dia menos dia é assim que todos os estudantes terão a sua caricatura.

Casa da Música e Ópera de Sidney...seria deselegante se eu colocasse o clarinete da jovem a pingar saliva!... Com as senhoras, o caricaturista tem de ser mais delicado! Cai, antes, uma nota de música. Porque estamos perante um género de caricatura caracterizado pela lisonja; e mal procede o artista que não tem essa preocupação racionalmente interiorizada.
Assinale-se, já agora, o esmero com que deve ser desenhado cada um destes elementos acessórios. Um estudante que toca trompete ou clarinete tem um carinho muito especial para com o seu instrumento de eleição, carinho que o caricaturista não deve defraudar.
É certo que os preços que presentemente se praticam são "miseráveis", mas há uma coisa que, do meu ponto de vista, deve ser sempre preservada até ao limite das nossas possibilidades: a qualidade plástica de cada desenho.


Caricaturas com... Humor
Divirto-me com este género de trabalho e por vezes cruzo ideias!... Para este desenho, era preciso que eu desenhasse uma derrapagem mal sucedida. Pois achei engraçado que o estampanço fosse contra um sinal de... pavimento escorregadio. Digamos que, se isolassemos aquele pormenor, ele teria força suficiente para funcionarcomo cartoon.
Experimentemos:


Cá está uma situação cómica: uma pessoa que adormece e derrapa para cima de um sinal que avisa "Perigo de Derrapagem". (Melhor fora que tivesse avisado "Cuidado com o Sono"!...)

Mas depois, como era preciso que eu colocasse a protagonista dizendo que "a cozinha está aos ésses", apeteceu-me conjugar graficamente essa frase com os ésses da derrapagem! (Já que cobro tão pouco pelos desenhos, ao menos que goze o meu bocado!)