sábado, 31 de julho de 2010

Caricaturas "todas iguais"?

Por vezes, ouvimos os estudantes comentarem que "as caricaturas desta plaquette são todas 'iguais' ".

É certo que quando se é jovem (e os estudantes, em regra, são jovens), os traços diferenciadores da fisionomia de cada um são menos individualizados do que nos mais adultos. Mas atenção! o essencial de uma caricatura não é captar uma fisionomia. É, sim, retratar uma identidade! E a essencia identificativa de cada um de nós é de natureza mais psicológica do que física. Portanto, tenhamos em conta que desenhar um rosto é "fácil".

O que é difícil é obtermos, em cinco minutos, um conhecimento (não digo um desenho, digo um conhecimento) do perfil psicológico do indivíduo. Por isso eu estou permanentemente a conversar com o caricaturado; a tentar perceber que tipo de pessoa é. Se é impulsivo, se é romântico, se é aventureiro, se é hábil para ganhar dinheiro, se é altruista, se é preguiçoso, se é glutão, se é generoso...

O problema é que, tendo esta actividade artística um carácter sasonal, os desenhos são elaborados sob a pressão do tempo. E isso propicia o desenvolvimento de estereotipos, acaba por rotinar a mão e a visão "deformante" do caricaturista, acaba por submergi-lo na falta de tempo.
Pelo que me diz respeito, tento o mais possível não caír nesse vício, encarando cada rosto como um novo desafio que é preciso encarar numa perspectiva artística e não apenas numa
perspectiva artesanal. Numa perspectiva psicológica e não apenas sob um ângulo gráfico. Por isso tanto posso demorar três minutos para "sacar" os traços de um indivíduo, como demorar meia hora.

"Boca"... e (algum) descanso

Pela caricatura se percebe que esta estudante de Coimbra é a "repórter" da turma.
Não abusou na quantidade de conteúdo cenográfico (certamente que a sua alma de repórter lhe permite avaliar selectivamente o essencial e o supérfluo de uma imagem). Mesmo assim, apesar da relativa parcimónia de conteúdo, a estrutura geral do desenho obrigou-me a ocupar a zona da testa.
Amplie a imagem, para perceber melhor.

Chutar o texto para... canto!

Neste desenho, ultrapassei (parcialmente...) a demasia de conteúdo, inserindo uma longa frase a "emoldurar" o canto. Uma frase grande, quando já de si o conteúdo é abundante, torna-se um empecilho.

Namorado portátil


Gosto de me divertir a desenhar os (as) namorados(as) dependurados(as) no braço!...

Pedidos difíceis...

Aparece-nos cada pedido! Esta jovem quis que eu desenhasse um peixe a abaçar uma girafa (bem... uma girafa a abraçar um peixe!!! Porque peixe não tem braços!...). O pedido deve ter sido inspirado nalgum filme... Digo eu! Existe algum filme em que um peixe e uma girafa se abracem?

...o boneco da Seven Up

Foi a segunda vez que um caricaturado me fez lembrar o boneco da 7Up. E aproveitei isso em dois desenhitos da cenografia. Clique na imagem e amplie com a lupa, para ver isso melhor.

Blá Blá Blá

Remeto-vos para o texto abaixo

Haja mais desenho e menos "conversa"!

Nunca é de mais insistir neste ponto: uma Caricatura não é a biografia do estudante em Banda Desenhada. A tendência, a partir dos anos 80 do século passado, tem sido "atafulhar" os desenhos com comentários escritos (manuscritos). Claro que o caricaturista, se for consciente e profissional* prefere dispender um pouco mais de tempo e criar mais dois ou três bonequinhos divertidos do que escrever... escrever... escrever...
O exemplo acima é demonstrativo da minha preocupação em "arrumar" toda a "conversa" atrás da nuca e costas, libertando o perfil de tal "nevoeiro". Mas nem sempre é possível. Depende da quan tidade...

*Aí para cima, reflectiremos acerca dessa coisa de ser ou não ser profissional nesta matéria

Os estudantes são amáveis

Uma pessoa não anda nisto do desenho das Caricaturas só pela retribuição material (bem baixinha ela anda, aliás!...).
Digo-o, a propósito de uma postagem que encontrei por mero acaso no blog "Geologia 2010, Odisseia no Calhau", repositório de recordações de estudantes que queimaram fitas em 2010.

A Sónia Freitas deu-se ao trabalho de agrupar (três a três e mediante colagem virtual) as caricaturas que criei para a plaquette deles. E foi mais além: elegeu alguns dos elementos cenográficos que desenhei, destacando-os. Em separado, adquirem a visibilidade que muitas vezes (ingloriamente) lhes escapa na reduzida dimensão em que são impressos.

Não é só pelo que cobro (bem pouco, repito) que ando nestas coisas; gentilezas como esta também são salário (não serve para aconchegar o estômago, mas aconchega o coração).

Obrigado, Sónia, pela simpatia!!! Visitável em
http://geologia2010fctuc.blogspot.com/2010/01/as-caricaturas-estao-caminho.html